
A atual paralisação do governo dos Estados Unidos já se tornou a mais longa da história e o setor de turismo tem sofrido gravemente as consequências. Nesta quinta-feira (6), o governo norte-americano completou 37 dias de shutdown, tendo ultrapassado ontem (5) o recorde de 35 dias estabelecido em 2019, durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump.
Em meio a esse cenário, diversos pontos turísticos como os museus do complexo de Smithsonian, em Washington D.C., permanecem fechados. Além disso, atrasos de voos têm sido acentuados e haverá redução de 10% do tráfego aéreo em aeroportos de grande movimento, de acordo com o Euronews.
“Os danos causados por essa paralisação estão aumentando a cada hora, com 60% dos americanos reconsiderando seus planos de viagem”, disse Geoff Freeman, presidente e CEO da US Travel Association. O executivo declarou sua preocupação em uma carta enviada ao Congresso dos EUA nesta segunda-feira (3), assinada por uma associação composta por mais de 500 organizações do setor de turismo, de acordo com a Reuters.
Desde 1º de outubro, houve interrupções de diversos serviços públicos dos Estados Unidos após o Congresso não chegar a um acordo sobre o projeto orçamentário para estender o financiamento federal. Essa paralisação, também conhecida como ‘shutdown’, afeta setores como o aéreo, do turismo, também o pagamento de benefícios e distribuição de determinadas verbas.
Segundo dados da US Travel Association, o prejuízo para o setor de viagens dos Estados Unidos decorrente da paralisação do governo já supera US$ 7 bilhões (em torno de R$ 37,45 bilhões.
Redução no tráfego aéreo e atraso nos voos
Como a Reuters noticiou nesta segunda-feira (3), o prolongamento da paralisação das atividades aéreas nos Estados Unidos levou a um aumento acentuado nos atrasos dos voos. Consequentemente, houve impacto nos aeroportos e 3,2 milhões de passageiros tiveram que enfrentar desafios devido ao grande número de ausências de controladores de tráfego aéreo.
De acordo com a agência de notícias, o shutdown obrigou 13 mil controladores de tráfego aéreo e 50 mil agentes da Administração de Segurança de Transportes (TSA) a trabalharem sem receber salário. Por isso, muitos tiveram que recorrer a um segundo emprego para suprir suas necessidades. Tal cenário impactou dezenas de milhares de voos.
Além disso, segundo o Euronews, autoridades de aviação dos Estados Unidos anunciaram ontem (5) que vão reduzir o tráfego aéreo em 10% em 40 aeroportos de grande movimento devido à paralisação do governo. Os cortes podem representar até 1.800 voos e mais de 268.000 assentos no total, de acordo com uma estimativa da empresa de análise de aviação Cirium.

“A prioridade número um na aviação é a segurança e, embora ela seja mantida, os viajantes pagarão um preço alto e completamente desnecessário em termos de atrasos, cancelamentos e perda de confiança na experiência de viagem aérea”, disse Geoff Freeman, na carta enviada ao Congresso dos EUA.
O documento visa justamente pedir a reabertura do governo federal antes do aumento do fluxo de viagens do Dia de Ação de Graças, que acontece no dia 27 de novembro.
Cenário mais crítico em Washington D.C.
De acordo com a CNN, Washington D.C., a capital dos EUA, é o destino que sofre o maior impacto turístico durante as paralisações. Isso porque concentra a maioria das atrações federais e museus em todo o país.
“Setembro, outubro e novembro são meses de pico para reuniões, viagens de negócios e viagens de lazer para a cidade”, disse Elliott L. Ferguson II, presidente e CEO da Destination DC, a organização privada sem fins lucrativos de marketing de destino da cidade, à Fortune . “Portanto, o impacto é muito maior quando a paralisação ocorre durante um período de alta temporada.”

O shutdown resultou no fechamento de pontos turísticos como os conhecidos museus e galerias do complexo de Smithsonian. Dentre eles, o Museu Nacional de História Americana, o Museu Nacional do Ar e do Espaço e o Museu Nacional de História Natural. Lá, há também o Zoológico Nacional, que permanece fechado desde o dia 12 de outubro, assim como os espaços culturais.
Com os museus Smithsonian fechados, como indica a Fortune, aqueles que tinham viagens previamente agendadas podem cancelá-las.
Os parques nacionais afetados
Como indica a CNN, houve também a suspensão temporária de 9 mil funcionários do Serviço Nacional de Parques, impactando o seu funcionamento. Muitas das reservas naturais, inclusive, vêm sendo mantidas parcialmente abertas.
- Neste modelo, barreiras de acesso, trilhas, estradas principais e áreas naturais, no geral, estão acessíveis ao público, permitindo a entrada e a circulação. No entanto, serviços essenciais ao turista como centros de visitantes, lojas, banheiros, programas educativos, segurança em áreas remotas, coleta de lixo e manutenção em sua maioria não estão funcionando. Ou então, têm operado com grande limitação, pois o quadro de funcionários foi limitado durante o shutdown, de acordo com a BBC.
Entre os parques com abertura parcial estão o Yellowstone, que se estende pelos estados de Wyoming, Montana e Idaho; Yosemite, na Califórnia, o Parque Nacional Great Smoky Mountains, no Tennessee e Carolina do Norte; e o Everglades, na Flórida.

Em alguns casos, como no Grand Canyon, no Arizona, e nos Parques Nacionais de Zion e dos Arcos, em Utah, fundos estaduais foram cedidos temporariamente para garantir banheiros químicos, guias mínimos ou patrulha de segurança. Entretanto, ainda assim há limitação na experiência de visita e muitos serviços normalmente previstos não estão disponíveis, como indica a BBC.
Já na Virgínia Ocidental, o Parque Nacional New River Gorge e o Parque Histórico Nacional de Harpers Ferry também permanecerão abertos. Isso por meio de recursos estaduais devido a um acordo firmado com o Departamento do Interior, órgão do governo federal americano. A região é onde os turistas costumam ir para fazer caminhadas, rafting e apreciar a folhagem de outono.
Desdobramentos em outros destinos
Outras cidades turísticas como Nova York, São Francisco e Orlando têm tido atrações afetadas com o shutdown.
Na metrópole nova-iorquina, a Estátua da Liberdade, segundo o G1, tem apresentado restrições recorrentes. Além disso, há risco de fechamento total, pois é operada pelo Serviço Nacional de Parques. O Museu da Imigração da Ilha Ellis, próximo ao monumento, não está aberto.

Em São Francisco, a Golden Gate National Recreation Area, de acordo com o portal Melhores Destinos, permite acesso parcial. No entanto, centros de visitantes e banheiros estão fechados.
Já o Kennedy Space Center, em Orlando, como indica o veículo, pode ter atividades restritas, conforme disponibilidade de financiamento federal.
Emissão de vistos de turismo e negócios para brasileiros continua mesmo com o shutdown
Algumas operações consulares, como a emissão de passaportes e vistos, continuam ativas, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Isso ocorre porque essas atividades têm financiamento proveniente das próprias taxas pagas pelos solicitantes, e não dependem diretamente do orçamento anual aprovado pelo Congresso.
É esse modelo de autofinanciamento que mantém de pé a rede de consulados americanos, mesmo durante as cada vez mais frequentes crises políticas em Washington. No caso do Brasil, a Embaixada em Brasília e os consulados em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre continuam recebendo pedidos de vistos de não-imigrante, como os de turismo (B2) e negócios (B1).
Até o momento, não há comunicado de suspensão dos serviços consulares no Brasil.
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